Filhos, este diário é para vocês!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

A escolha do nome

Que há num nome? Aquilo que chamamos rosa com qualquer outro nome seria igualmente doce?

William Shakspeare - Romeu e Julieta


Nome: um vocábulo ou locução que tem a função de designar uma pessoa, um animal, uma coisa ou um grupo de pessoas, animais e coisas.

Processozinho difícil este, de escolher um nome para algo. Com meus cachorros já foi difícil, imagina então o nome de uma pessoa? E de uma pessoinha que nem nasceu ainda, que não sabemos como vai ser, que cara vai ter. Um nome que vai acompanhá-la pelo resto da vida e que vamos ouvir e dizer muito, muito mesmo!!

Filosofando: de acordo com a semiótica, um nome é um signo cujo significante é a imagem sonora da palavra falada (ou a representação gráfica da palavra escrita), e o significado é o conceito do objeto ao qual esta palavra remete.

Platão já se questionava se a relação entre nome, idéia ou coisa é natural ou depende das convenções sociais, concluindo que os signos verbais são somente representações incompletas da verdadeira natureza das coisas, sobre a qual o estudo das palavras não revela nada, porque a esfera das idéias é independente das representações na forma de palavras.

Já segundo Aristóteles, aquilo que procede ou segue o ser é um signo do próprio ser.

Thomas Hobbes observa que os nomes são signos das nossas concepções e não das coisas mesmas.

O nome é só um nome, o nome é só um detalhe, disse Mano Brown, filósofo do gueto.

Mas peraí, mano, sabemos que palavras são poderosas, e que seu som pode desencadear em nossa mente significados, idéias, impressões e conceitos.

Há pessoas que consideram seu nome o som mais doce e mais importante que existe, e almejam por vê-lo grafado ou mencionado o maior número de vezes possível. Algumas pessoas acreditam que seu nome vem carregado de uma série de desígnios que devem ser cumpridos, como se representassem uma dimensão do indivíduo.

Sem dúvida um nome reporta a uma determinada idéia ou significado, ou no mínimo carreia as prospecções e expectativas de quem nomeia, fazendo parte da história e por que não da essência do ser nomeado. Mas seria o nome um veículo para a transferência de energia entre o plano espiritual e o mundo físico?

Certamente a escolha do nome deve ser feita com critério e consciência. Claro que as palavras têm poder, que direi então dos nomes próprios?... E imagino que ninguém chamado Flamarion, Bucetildes, Hypotenusa ou Hericlapiton agrade de carregar um desses nomes.

Segundo a Nomelogia, nomear significa adicionar ou subtrair “Alma” às coisas ou pessoas. Por isso é tão delicado o processo de batizar alguém.

Há ainda outros ramos da ciência dedicados ao estudo dos nomes, como a antroponímia, ramo da onomástica dedicado ao estudo dos nomes das pessoas.

Para os Yorubas, grupo étno-linguístico do continente africano, as pessoas vivem os significados de seus nomes. Por isso levam muito a sério o processo nomear um bebê, e sua filosofia sobre nomeação é transmitida em um provérbio yoruba que diz: "ile ni a n wo, ki a to so omo l'oruko", que significa que deve-se considerar a tradição e a história de familiares de uma criança quando se escolhe seu nome.

Se nosso filhote fosse menino seria fácil, se chamaria Leonardo. Homenagem póstuma ao bisavô paterno e em vida ao avô, e ainda porque será do signo de Leão.

Mas para menina, ainda não tínhamos um nome. A bisavó materna (ela é ótima) já disse: - Se for menina não precisa colocar Elzi, que eu não gosto!!! Gostávamos de Gabriela, mas já tinha na família, priminha linda!! Pensamos em Manuela, ou Emanuele, mas com o sobrenome ficava português demais. Imagine Manuela Martins da Quinta Silva Araújo. Muito lusitano, seria arriscado.

Pensamos em vários nomes, mas um deles não saiu da cabeça: Julia. A inspiração: um vídeo da internet que as titias acharam, onde uma nenininha linda responde ao pai o que o Papai Noel é: - Poco pichalista (porco capitalista). Gracinha!! http://www.youtube.com/watch?v=2hw0XXQZxDc

E esse nome ficou mesmo na cabeça. Pensamos em outros, pois achamos Julia muito comum. Mas não conseguimos mesmo gostar de nenhum outro. Como agente queria diferenciar um pouco Julia, e sempre gostamos de Maria, nome da avó paterna, da tia, prima e tias avós (quase todas), decidimos:

MARIA JULIA

Maria Julia Martins da Quinta Silva Araújo

Sentiram o peso? Nome grande né, de princesa.

E o significado:

Julia: Latim, significa cheia de juventude e indica uma pessoa de memória prodigiosa, muito senso de organização e um dinamismo contagiante. Excelente amiga, dedica-se totalmente às pessoas que estima.

Maria: Hebraico, significa senhora soberana. Nome que indica serenidade, força vital e vontade de viver. Consideram o dinheiro necessário, mas não essencial.

Esperamos que ela goste, e que vcs gostem também. E dizem que quem não gostar se acostuma depois.

Mas não está 100% certo ainda. Como somos dois indecisos, podemos muito bem mudar de idéia.

Por isso aceitamos sugestões e críticas.

sábado, 2 de abril de 2011

O sexo do nosso anjo

Desde a descoberta da gravidez, essa era “a pergunta que não quer calar”.

- Vocês já sabem o sexo do bebê?
- Não, só vamos saber lá pelo 4°, 5° mês.
- O que vocês preferem, menina ou menino?

A natureza é tão sábia: já o amávamos há tantos meses, como preferir uma coisa ou outra?

Discutíamos muito sobre a “Rosificação da Mulher”: porque roupas e coisinhas de meninos são coloridas e de meninas, são todas rosas? Eu mesma demorei 15 anos para descobrir que minhas cores favoritas eram: azul e amarelo. Até então tudo era rosa! Não queríamos, em hipótese alguma, que o bebê tivesse tudo rosa ou tudo azul. Então, enquanto todos morriam de curiosidade, a neutralidade nos era bastante confortável para seguir nossos planos.

Ganhamos presentes brancos, bege, verde, e o jogo de berço, então, parece que minha sogra adivinhou nosso pensamento: cores básicas, motivo bichos da selva. Dois veterinários que somos, definimos que, quando tivéssemos oportunidade e necessidade de montar um quartinho, o motivo seria esse: floresta. Com bichos e plantas. Nada de estereótipos como carros ou bailarinas.

Mas, não dá para dizer que a nossa curiosidade era nula. E tinha ainda a questão do nome. Teríamos que escolher um nome para o bebê e era bom ter alguma coisa em mente. Cheguei a sonhar que tinha em meu colo um bebê já de 5 meses que ainda chamávamos de bebê, por ainda não termos decidido o nome.  Saber o sexo facilitaria as coisas. Já tínhamos um possível nome para menino, deveríamos gastar neurônios pensando em nomes para menina?

Bom, decidimos que o mistério acabaria quando fizesse a US Morfológica com + de 20 semanas. Começamos a pensar também em nomes de meninas.

No dia 18 de Fevereiro fui a Santos para festas de Família (aniversários da Malu e do Gut), M. recém-chegado de uma viagem a trabalho, não foi comigo, para passar o fim de semana descansando em casa. Durante a viagem, aproveitei para consultar com Dr. Arthur, que irá fazer meu parto, e esclarecer algumas dúvidas. Ele pediu uma US para ver implantação de placenta, no dia seguinte fui fazer o exame, com minha mãe, que fazia uns 17 anos que não assistia uma Ultrasson.

Liguei para o M. e perguntei se ele gostaria de saber o sexo, ele disse que se desse para saber com certeza, sim. Repassei para a médica que fez o exame que se não estivesse difícil e se ela tivesse 100% de certeza, eu gostaria de saber o sexo. Então ela fez o exame da placenta, algumas medições do feto, idade gestacional (aprox.17 semanas) e por fim, o sexo: FEMININO.

A cara de boba da minha mãe foi sensacional! E a ansiedade dela para dar a notícia para a família, foi maior que a minha.

Passaram tantas coisas pela minha cabeça:
Será que minha bebê e eu teríamos a conexão que tenho com minha mãe?
Eu posso refazer a foto de quatro gerações de mulheres que tenho na minha sala e acho tão linda!
Vai ser a menininha que meus sogros não tiveram.
Menina eu já tô acostumada a cuidar (tive duas irmãs mais novas).
Meu afilhado e meu primo, pai dele, continuam reinando absolutos! Kauã, meu sobrinho, filho do Gustavo e da Luana, também!
Eu sempre falei para o M. que nosso primeiro filho seria menina!
Quando contei que estava grávida, Tia Edi falou que já sabia por que uma cartomante tinha dito para ela que vinha aí um bebê e que seria menina!
Vai ficar melhor na roupinha de borboletinha que nós já havíamos ganhado da Tia Dudu! (ver Presentes)
A madrinha ficaria louca com a notícia. Ela já estava adorando ser madrinha, mas eu tenho certeza que estava torcendo para ser menina!
Isso tudo porque eu não estava ansiosa para saber o sexo. Rs!

Ao saber da notícia, mil coisas passaram na cabeça do pai também.  Até o ciúme dos futuros namorados da filha já começaram a incomodá-lo. Quando contei para ele, me disse que já sabia. Que tinha certeza que era uma menina!

Bom, saber que é uma menina trouxe expectativas e uma série de responsabilidades. Não que criar meninos não seja difícil, mas a idéia da liberdade com limites fica um pouco mais complicada quando queremos agregar o fator força e feminilidade!

Com certeza ela encontrará um mundo extremamente diferente para as mulheres do que fora para as quatro gerações a antecederam na linhagem materna.

No tempo de sua tataravó, Tereza, em meados de 1900, as mulheres eram um pouco mais do que escravas. Mas, ao mesmo tempo, em alguns países muitas mulheres assumiam postos de trabalho e os negócios da família com a ida dos homens à 1º Guerra Mundial. Com a Revolução Industrial, as mulheres ingressaram de vez no mercado de trabalho, ainda que, trabalhando o dobro dos homens pela metade do salário!

Quando sua bisavó nasceu, em 1930, as mulheres brasileiras ainda não tinham direito ao voto, embora o movimento feminista já fosse bastante intenso no Brasil, assegurando às mulheres esse direito 2 anos depois em 1932, no governo de Getúlio Vargas.

Quando a avó Nair deu a luz à Denise, em 1962, as mulheres já participavam ativamente da luta política contra a ditadura e militar e pela liberdade no Brasil e em outros países, e a Vanderléia já usava a saia a um palmo acima dos joelhos.

Vivemos hoje numa sociedade muito mais compreensiva com as mulheres que são chefas de família, mãe e pai, do que foi a sociedade com a minha mãe, em 1982, quando eu nasci. Embora a década de 80 tenha sido marcada pelo ingresso maciço das mulheres no mercado de trabalho à procura por cargos de chefia, ainda eram mais vistas em profissões ditas tipicamente femininas e a moda apontava para roupas com visual masculino. Era a moda do blazer, dos suspensórios e do cabelo curto.

Minha filha vem ao mundo numa época em que a mídia vende o corpo feminino como vende marca de sabão em pó, em horário livre e sem censura nenhuma. Não que eu defenda a censura, mas respeito é bom, mas não vende!

Por outro lado, no ano que minha bebê foi feita elegemos a Primeira Mulher PRESIDENTA do Brasil. Uma mulher que sofreu na pele a dificuldade da falta de liberdade e o fardo e a glória de ser mulher. Hoje em 2011, as mulheres são maioria, e não há espaços no mundo do trabalho que não seja ocupado por elas.

D. Tereza, D. Nair, Denise e eu

PS.: Este texto foi escrito a 4 mãos! Sem as idéias e pesquisas do papai coruja, ele não sairia! Obrigada Amor! Companheiro é companheiro...