Filhos, este diário é para vocês!

sábado, 2 de abril de 2011

O sexo do nosso anjo

Desde a descoberta da gravidez, essa era “a pergunta que não quer calar”.

- Vocês já sabem o sexo do bebê?
- Não, só vamos saber lá pelo 4°, 5° mês.
- O que vocês preferem, menina ou menino?

A natureza é tão sábia: já o amávamos há tantos meses, como preferir uma coisa ou outra?

Discutíamos muito sobre a “Rosificação da Mulher”: porque roupas e coisinhas de meninos são coloridas e de meninas, são todas rosas? Eu mesma demorei 15 anos para descobrir que minhas cores favoritas eram: azul e amarelo. Até então tudo era rosa! Não queríamos, em hipótese alguma, que o bebê tivesse tudo rosa ou tudo azul. Então, enquanto todos morriam de curiosidade, a neutralidade nos era bastante confortável para seguir nossos planos.

Ganhamos presentes brancos, bege, verde, e o jogo de berço, então, parece que minha sogra adivinhou nosso pensamento: cores básicas, motivo bichos da selva. Dois veterinários que somos, definimos que, quando tivéssemos oportunidade e necessidade de montar um quartinho, o motivo seria esse: floresta. Com bichos e plantas. Nada de estereótipos como carros ou bailarinas.

Mas, não dá para dizer que a nossa curiosidade era nula. E tinha ainda a questão do nome. Teríamos que escolher um nome para o bebê e era bom ter alguma coisa em mente. Cheguei a sonhar que tinha em meu colo um bebê já de 5 meses que ainda chamávamos de bebê, por ainda não termos decidido o nome.  Saber o sexo facilitaria as coisas. Já tínhamos um possível nome para menino, deveríamos gastar neurônios pensando em nomes para menina?

Bom, decidimos que o mistério acabaria quando fizesse a US Morfológica com + de 20 semanas. Começamos a pensar também em nomes de meninas.

No dia 18 de Fevereiro fui a Santos para festas de Família (aniversários da Malu e do Gut), M. recém-chegado de uma viagem a trabalho, não foi comigo, para passar o fim de semana descansando em casa. Durante a viagem, aproveitei para consultar com Dr. Arthur, que irá fazer meu parto, e esclarecer algumas dúvidas. Ele pediu uma US para ver implantação de placenta, no dia seguinte fui fazer o exame, com minha mãe, que fazia uns 17 anos que não assistia uma Ultrasson.

Liguei para o M. e perguntei se ele gostaria de saber o sexo, ele disse que se desse para saber com certeza, sim. Repassei para a médica que fez o exame que se não estivesse difícil e se ela tivesse 100% de certeza, eu gostaria de saber o sexo. Então ela fez o exame da placenta, algumas medições do feto, idade gestacional (aprox.17 semanas) e por fim, o sexo: FEMININO.

A cara de boba da minha mãe foi sensacional! E a ansiedade dela para dar a notícia para a família, foi maior que a minha.

Passaram tantas coisas pela minha cabeça:
Será que minha bebê e eu teríamos a conexão que tenho com minha mãe?
Eu posso refazer a foto de quatro gerações de mulheres que tenho na minha sala e acho tão linda!
Vai ser a menininha que meus sogros não tiveram.
Menina eu já tô acostumada a cuidar (tive duas irmãs mais novas).
Meu afilhado e meu primo, pai dele, continuam reinando absolutos! Kauã, meu sobrinho, filho do Gustavo e da Luana, também!
Eu sempre falei para o M. que nosso primeiro filho seria menina!
Quando contei que estava grávida, Tia Edi falou que já sabia por que uma cartomante tinha dito para ela que vinha aí um bebê e que seria menina!
Vai ficar melhor na roupinha de borboletinha que nós já havíamos ganhado da Tia Dudu! (ver Presentes)
A madrinha ficaria louca com a notícia. Ela já estava adorando ser madrinha, mas eu tenho certeza que estava torcendo para ser menina!
Isso tudo porque eu não estava ansiosa para saber o sexo. Rs!

Ao saber da notícia, mil coisas passaram na cabeça do pai também.  Até o ciúme dos futuros namorados da filha já começaram a incomodá-lo. Quando contei para ele, me disse que já sabia. Que tinha certeza que era uma menina!

Bom, saber que é uma menina trouxe expectativas e uma série de responsabilidades. Não que criar meninos não seja difícil, mas a idéia da liberdade com limites fica um pouco mais complicada quando queremos agregar o fator força e feminilidade!

Com certeza ela encontrará um mundo extremamente diferente para as mulheres do que fora para as quatro gerações a antecederam na linhagem materna.

No tempo de sua tataravó, Tereza, em meados de 1900, as mulheres eram um pouco mais do que escravas. Mas, ao mesmo tempo, em alguns países muitas mulheres assumiam postos de trabalho e os negócios da família com a ida dos homens à 1º Guerra Mundial. Com a Revolução Industrial, as mulheres ingressaram de vez no mercado de trabalho, ainda que, trabalhando o dobro dos homens pela metade do salário!

Quando sua bisavó nasceu, em 1930, as mulheres brasileiras ainda não tinham direito ao voto, embora o movimento feminista já fosse bastante intenso no Brasil, assegurando às mulheres esse direito 2 anos depois em 1932, no governo de Getúlio Vargas.

Quando a avó Nair deu a luz à Denise, em 1962, as mulheres já participavam ativamente da luta política contra a ditadura e militar e pela liberdade no Brasil e em outros países, e a Vanderléia já usava a saia a um palmo acima dos joelhos.

Vivemos hoje numa sociedade muito mais compreensiva com as mulheres que são chefas de família, mãe e pai, do que foi a sociedade com a minha mãe, em 1982, quando eu nasci. Embora a década de 80 tenha sido marcada pelo ingresso maciço das mulheres no mercado de trabalho à procura por cargos de chefia, ainda eram mais vistas em profissões ditas tipicamente femininas e a moda apontava para roupas com visual masculino. Era a moda do blazer, dos suspensórios e do cabelo curto.

Minha filha vem ao mundo numa época em que a mídia vende o corpo feminino como vende marca de sabão em pó, em horário livre e sem censura nenhuma. Não que eu defenda a censura, mas respeito é bom, mas não vende!

Por outro lado, no ano que minha bebê foi feita elegemos a Primeira Mulher PRESIDENTA do Brasil. Uma mulher que sofreu na pele a dificuldade da falta de liberdade e o fardo e a glória de ser mulher. Hoje em 2011, as mulheres são maioria, e não há espaços no mundo do trabalho que não seja ocupado por elas.

D. Tereza, D. Nair, Denise e eu

PS.: Este texto foi escrito a 4 mãos! Sem as idéias e pesquisas do papai coruja, ele não sairia! Obrigada Amor! Companheiro é companheiro...

5 comentários:

  1. Ei Hellen,

    Estou adorando seus textos. Eu tenho um caderno que escrevo p/ minha filha, confesso tenho dificuldade com computadores nesse ponto, mas adoro os detalhes que vc conta.
    Fiquei emocionada com sua foto, eu tenho uma em que está minha filha, minha mãe, eu e minha avó. Só a geração feminina e amooooo...
    Beijinhoss

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  2. Hellen e Mateus é muito bacana sentir e partilhar com vocês este envolvimento com Maria Júlia a distância. Dá para sentir o tamanho da alegria com a qual esta criança está sendo gerada. A vovó e o vovô de Viçosa já estão demonstrando como vão ser corujas. Dou todo apoio, é o maior presente de Deus, "netos".
    Logo, logo veremos esta barriguinha crescida.


    Beijos

    Tia Leninha e turma

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  3. Hellen, minha filha, meu genro Mateus e minha netinha Maria Julia;
    Ser cercado de mulheres como eu sou com 3 filhas e mais uma netinha porvir, é uma dádiva ... "bendito é o fruto entre as mulheres".
    Acredito que para você, Mateus, esta convivência será enriquecedora e não se importará com os namorados desde que eles venham na hora certa e com a matuidade. Depois é só lucro, pois se nâo você como eu teria uma Maria Júlia na minha vidar?
    Amo muito vccês e estou feliz por ser avô e continuar entre as mulheres, Amém.
    Beijos do pai, sogro e avô (sou uma trindade, mas nada de "SANTÍSSIMA",rss)

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  4. Familia Trapo9/4/11 16:26

    Helen e Matheus,como vocês dois me chamam de tia...rs,rs,rs Saiba que estou muito feliz de ganhar uma sobrinha,para a Malu brincar e nós termos mais um bebezinho para encher de beijos e carinho.
    Saiba que amamos muito vocês,e conte com a gente para o que precisar. Elcio,Rô,Malu e Gabriel.

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  5. Amiga,

    Mais um lindo texto... e sim, fiquei doidinha qdo soube que era uma princesinha... claro que se fosse um muleke meu amor seria o mesmo, pq ja amo incondicionalmente... mas que delicia imaginar uma Hellen pequenina me chamando de "dinda"... a vinda da Maria Julia foi a melhor noticia do ano!!!

    Amo mto vcs!

    Dinda Paty :)

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